• Nicho 1 – Memórias e Vivências Indígenas na Pandemia de Covid-19

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Esta exposição iniciou com o evento “Memórias e Vivências Indígenas na Pandemia do Covid-19”, que trouxe um olhar profundo e sensível sobre as experiências dos povos indígenas durante a crise de Covid-19. Realizado nos dias 6 e 7 de março de 2024 no auditório do Museu do Doce, em Pelotas, o evento contou com as valiosas contribuições dos palestrantes Gildo Gomes, Reinaldo Tillmann e Jorge Eremites, além da exibição do filme “A Última Floresta”.

Este primeiro nicho visa preservar e compartilhar as histórias e desafios das comunidades indígenas e de cada interlocutor diante da pandemia, destacando a importância de suas memórias e vivências únicas.

Gildo Gomes da Silva

Cacique da Aldeia Guarani Tekoa Pará Rõke.

Em sua fala, Gildo compartilhou sobre sua rotina e os eventos relacionados à pandemia de Covid-19, a partir da perspectiva da comunidade guarani da Aldeia Tekoa Pará Rõke, localizada na Vila Domingos Petroline em Rio Grande – RS.

Ele abordou temas como os momentos difíceis vividos por sua família durante o isolamento, a impossibilidade de trabalho e a escassez de alimentos. Gildo também mencionou o receio de sua comunidade ao lidar com o apoio e a chegada de mantimentos trazidos por pessoas equipadas com EPIs de proteção, como macacões, luvas, máscaras, respiradores e óculos de proteção, o que causou espanto e preocupação entre os moradores. Havia, também, a desconfiança de estarem sendo “testados como cobaias”, por serem os primeiros a se vacinarem. Em seu relato pessoal, ele comentou sobre a impossibilidade de continuar seus estudos durante o isolamento, enquanto seus colegas conseguiram prosseguir utilizando do ensino remoto. Gildo compartilhou a experiência da comunidade indígena em relação ao ensino superior durante a pandemia. Em seu relato pessoal, ele comentou sobre a impossibilidade de continuar seus estudos durante o isolamento, enquanto seus colegas conseguiram prosseguir se utilizando do ensino remoto. Ele e outros estudantes da aldeia foram obrigados a interromper os estudos devido à falta de internet no local. Gildo também mencionou que sua mãe, com uma visão mais tradicional, nunca aprovou a saída dos filhos para estudar. No entanto, ele vê essa oportunidade de forma positiva, considerando os benefícios que a especialização profissional pode trazer para a própria aldeia. Um exemplo disso é sua irmã, que estudou Enfermagem e pôde retornar para ajudar no sistema de saúde da comunidade.

Reinaldo Tillmann

Indigenista e ativista social. Professor aposentado da UCPEL em Direito Público. Mestrado em Desenvolvimento Social e Educação.

Reinaldo Tillmann, em uma fala intitulada por ele de “Resistências Indígenas”, trouxe uma visão mais ampla de sua experiência como indigenista e ativista social. Ele compartilhou sobre o contato com missionários e exibiu um vídeo de um evento onde ocorreu uma apresentação indígena, embora sem oportunidade para debates.

Tillmann também abordou, assim como Gildo, as dificuldades no processo de entrega de alimentos para a comunidade devido ao isolamento. Ele mencionou o uso de EPIs, como “roupas de astronauta”, pelos profissionais da saúde. Segundo Tillmann, houve uma cooperação entre Conselho Indigenista Missionário (CIMI), UFPEL e Arquidiocesana de Pelotas, para organizar, arrecadar e distribuir alimentos sem contato físico com a aldeia, a fim de evitar riscos de contaminação.

Jorge Eremites de Oliveira

Doutor em História pela PUCRS e Docente da UFPEL.

Jorge realiza estudos etnoarqueológicos, etno-históricos e etnológicos e desde 1992 acumula experiências em trabalhos com comunidades indígenas, sobretudo em comunidades Guató, Terena, Kaiowá, Guarani (Avá Guarani), Nambikwara (Katitaurlu do Vale do Sararé) e Fulni-ô do Santuário dos Pajés.

Em sua fala intitulada “Povos Indígenas, Saberes Tradicionais e a Pandemia de Covid-19”, Jorge Eremites compartilhou sua experiência com as comunidades indígenas do Rio Grande do Sul e do Mato Grosso do Sul, Mbyá, Terena e Guató, trazendo à tona memórias pessoais e vivências indígenas das regiões Sul e Centro-Oeste do país.

Jorge destacou as práticas de cura medicinal, que se intensificaram como forma de defesa durante a pandemia de Covid-19. Segundo ele, os indígenas fortaleceram sua imunidade contra o vírus por meio de xaropes e chás de ervas naturais. “A cura está lá, professor”, afirmavam os indígenas.

Exibições Audiovisuais