Nesta segunda parte da exposição, você será apresentado a alguns referenciais indígenas que permeiam o nosso cotidiano brasileiro. Abordaremos a multiplicidade dos povos indígenas através de dados estatísticos e de aspectos da diversidade linguística. Além disso, mostraremos personalidades da cultura científica e política relevantes para o indigenismo desde uma perspectiva brasileira.
Multiplicidade dos Povos
Segundo dados da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022, existem 305 povos indígenas diferentes no país. Destes povos, são faladas cerca de 274 línguas distintas e em diferentes regiões geográficas. Os povos indígenas brasileiros se constituem por variedade de matrizes culturais e modos de vida.
No “Caderno Temático: Populações Indígenas“, do IBGE faz, é possível conferir a fundo o seguinte mapeamento sobre a localização desses povos e sua movimentação ao longo das últimas décadas:
Dos 497 municípios gaúchos, 364 registram população indígena. 73,30% dos municípios gaúchos têm presença indígena. De 2010 para 2022, esta população cresceu 6,2% de 34. 001 para 36.096 pessoas.
Figuras de Luta e Liderança
Ailton Krenak
1953. Nascido nas margens do Rio Doce em Minas Gerais, é um líder da etnia indígena krenaque, ambientalista, filósofo e escritor de reconhecimento internacional. Professor honoris causa da Universidade Federal de Juiz de Fora. Primeira pessoa indígena imortal da Academia Brasileira de Letras.
‘’Se as pessoas não tiverem vínculos profundos com sua memória ancestral, com as referências que dão sustentação a uma identidade, vão ficar loucas neste mundo maluco que compartilhamos.’’ Ailton Krenak
Cacique Raoni
1930. Nascido nas terras indígenas da agora aldeia Kapot localizada no estado de Mato Grosso. Filho do líder Umoro, do ramo dos indígenas caiapós conhecidos como metuquitire. Líder indígena reconhecido internacionalmente pela sua luta pela preservação da Amazônia. Doutor Honoris Causa da Universidade do Estado de Mato Grosso. Cotado como um dos indicados para receber o Prêmio Nobel da Paz em 2020.
Darcy Ribeiro
1922-1997. Nascido em Montes Claros no estado de Minas Gerais. Foi antropólogo, historiador, sociólogo, escritor, político, e membro da Academia Brasileira de Letras. Reconhecido indigenista e educador brasileiro. Tendo sido filiado ao PDT, foi ministro da educação e dirigiu significativos projetos como a criação do Memorial da América Latina e os CIEPs.
‘’Havia, tanto do lado português como do espanhol, uma tendência evidente dos estudiosos para minimizar a população indígena original. Seja pela tendência prevalecente por muito tempo – e ainda hoje perceptível – de dignificar o papel dos conquistadores e colonizadores, ocultando o peso do seu impacto genocida sobre as populações americanas, o que é mais absurdo ainda.” DARCY RIBEIRO, 1995.
Berta Ribeiro
1924-1997. Nascida no antigo Reino da Romênia, foi uma etnóloga, antropóloga, museóloga, professora e escritora com vasto conhecimento na cultura material dos povos indígenas brasileiros.
Mário Juruna
1943-2002. Mário Juruna foi um líder indígena e político brasileiro. Filiado ao Partido Democrático Trabalhista, foi o primeiro deputado federal indígena do Brasil. Juruna nasceu na aldeia xavante Namunkurá, próxima a Barra do Garças, no estado de Mato Grosso.
“Único índio que tá falando hoje, único deputado que tá falando hoje:
não é terceiro, não é quinto deputado, não é cinquenta deputado. Se tiver ao menos mais cinquenta Juruna, o Juruna já tinha mudado o Brasil.’’ MÁRIO JURUNA, 1983
Joênia Wapichana
1973. Nasceu na cabeceira do rio Truaru no interior da cidade de Boa Vista. É advogada. Filiada ao Partido Rede Sustentabilidade foi eleita a primeira mulher indígena a deputada federal representando o estado de Roraima. Antes dela, o único indígena eleito ao Parlamento havia sido o líder xavante Mário Juruna. É a primeira presidente indígena da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI).
Célia Xakriabá
1989. Nascida em Itacarambi no estado de Minas Gerais. É professora e ativista do povo Xakriabá. Cursa doutorado em Antropologia na Universidade Federal de Minas Gerais Filiada ao PSOL, tornou-se em 2022 a primeira mulher indígena a ser eleita deputada federal pelo seu estado.
Sonia Guajajara
1974. Nascida na Terra Indígena Araribóia no Maranhão. Líder indígena, ativista ambiental e política brasileira. É professora e enfermeira de formação, com especialização em Educação Especial. Atualmente, Sônia Guajajara é Ministra dos Povos Indígenas do Brasil, cargo que ocupa desde 2023 no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Reconhecida como uma das pessoas mais influentes do mundo segundo revistas e prêmios internacionais.
Davi Kopenawa
1956. Nascido na região do rio Toototobi, no Amazonas. É um xamã e líder indígena Yanomami. Atua como presidente da Hutukara Associação Yanomami, defendendo os direitos de seu povo e a preservação da floresta amazônica. É coautor do livro “A Queda do Céu”. Recebeu prêmios e foi referenciado em escolas de samba e trabalhos acadêmicos. Reconhecido internacionalmente pela sua luta pela demarcação das terras Yanomami e pelas denúncias de invasões e crimes ambientais. Atualmente, continua seu trabalho na defesa dos direitos indígenas e ambientais.