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Museu do Judô

Academia Ruy Barbosa

Dojô Professor Loanzi

Velho Casarão

Pesquisa de autoria do Prof. Dr. Francisco Xavier de Vargas Neto, com apoio da Federação Gaúcha de Judô

A história da academia “SPORT CLUB RUY BARBOSA”, e concomitante a isso, o grande nome que a dirigiu.

O antigo “Casarão”, como é conhecido, deixou um enorme legado para o judô gaúcho, pois neste dojô conduzido pelo Sensei Loanzi, passaram diversos professores formadores dos atuais “senseis” e treinadores do estado. Nesse local iluminado, foram forjados lutadores, treinadores e professores que escreveram a história do judô do Rio Grande do sul.

Cabe destacar que, com o passar dos anos, Sport transformou-se em Esporte e Club em Clube, e assim foi denominado de Academia Ruy Barbosa.

QUEM FOI ALOIZIO NOGUEIRA BANDEIRA DE MELLO – PROF. LOANZI

Nascido em Areia, antiga Brejo da Areia, na Paraíba, em 1897, começou nos esportes de combate aos quatorze anos de idade, ainda na Paraíba, possivelmente na luta livre, tendo conquistado na Argentina em 1917 o título de Campeão SulAmericano. Foi também Campeão Brasileiro nos anos de 1914 a 1916 pelo Exército Nacional.

Foi aluno do famoso Mitsuyo Moeda, Conde Koma, introdutor do jiu jitsu e do judô no Brasil.

A partir de 1925 tornou-se lutador profissional e professor de esportes de combate e de defesa pessoal.

Professor Loanzi foi também um famoso promotor de lutas, ao menos desde meados dos anos 30, quando teve academia em Belo Horizonte. Além de promover eventos, era treinador e empresário de lutadores, tendo mantido um centro de treinamento em Porto Alegre, onde os lutadores aprendiam diversos estilos de luta. Mantinha seus lutadores bem treinados e desafiava lutadores de todos os lugares do Brasil para enfrentá-los. Há reportagens que o vinculam como promotor de lutas de Takeo Yano e George Gracie, além de ser reconhecido como o terceiro treinador de Euclydes Hatem, o famoso“Mestre Tatu”, considerado o pai da Luta Livre no Brasil.

No final de 1938, professor Loanzi atuou também como técnico do Sport Club Internacional.

Professor Loanzi

O LOCAL DA ACADEMIA RUY BARBOSA

Com a entrada pela Rua Riachuelo, nº 1.036, subia-se um andar de escada íngreme e já se deparava com o shiai-jô à esquerda. Uma área de não mais de 30 metros quadrados, onde inicialmente o solo havia sido coberto com serragem e revestido com uma lona. Foi encontrado seguinte relato em relação ao local: “Interessante destacar que nesse período era muito difícil a aquisição de tatames, e a solução encontrada foi forrar o solo com serragem e cobrir com uma lona. Ocorre que, com a movimentação e as quedas, a serragem deslocava-se para as extremidades, deixando o centro do shiai-jô, ficando a lona diretamente sobre o piso de madeira. Se fazia necessário, de tempos em tempos, revolver a serragem para aliviar o terrível impacto das quedas.”

O LEGADO DEIXADO POR LOANZI

O professor Loanzi  não foi o único a fomentar esta atividade tão importante para todos nós. Existiram sim outros professores com significativo trabalho de difusão e formação do Judô Gaúcho. Podemos citar: Januário Dias Rezende, Iwao Sugo, Irineu Pantaleão Bazacas, João Graf Vassaux, Bugre Ubirajara Marimon Lucena, entre outros.

Os clubes também se multiplicaram a partir da década de 50: Instituto Porto Alegrense de Judô, Associação Cristã de Moços (ACM), Sociedade Amigos da Vila Assunção (SAVA), Escola Militar, Ginásio Esparta, Sociedade Recreativa SORVES, Kurashiki (São Leopoldo), Grêmio Foot Ball Porto Alegrense, Sport Club Internacional, Academia Passo Fundo etc.

Porém, pode-se dizer que ter trazido Takeo Yano para Porto Alegre foi muito importante, pois ele ajudou a disseminar ainda mais o judô. Takeo  deu aulas para um grupo de comerciantes, amantes das lutas e para outros que já haviam praticado o Judô, como Januário, Jorge Aveline (faixa preta promovido por Loanzi) e João Graf que aprendeu Judô na Suíça com o renomado professor francês Vallee. Segundo matéria feita por Aveline, Takeo Yano tornou-se famoso também por suas lutas pugilisticas.

CRIAÇÃO DA FEDERAÇÃO GAÚCHA DE JUDÔ

No que diz respeito a federação gaúcha de judô, somando esforços contra a rivalidade e formando uma direção mesclada por membros de ambas diretorias, os dois grupos (um grupo liderado por Ricardo Rodrigues Gaston e outro pelo Professor Loanzi) entraram em acordo e a federação formada posteriormente, Federação Rio-Grandense de Judô foi dissolvida e chegou-se ao termo de que não haveria duas federações, e sim, uma única Federação Gaúcha de Judô. Foi eleito como presidente Ricardo Rodrigues Gaston, vice[1]presidente Zilmar Medeiros de Albuquerque. Secretário Geral Edson Cassia, Tesoureiro Gunter Schünke, Diretor Técnico João Graf Vassaux, tudo convenientemente apadrinhado e avalizado pelo grande líder, Professor Loanzi.

Loanzi e Gaston

O ENCERRAMENTO DAS ATIVIDADES DA ACADEMIA RUY BARBOSA

Em meados dos anos 70, já com idade avançada para época e problemas de saúde, o Professor Loanzi resolveu vender a academia, para o seu aluno Oswaldino dos Santos, proprietário de casas noturnas nas redondezas. O velho mestre veio a falecer em 30 de agosto de 1975, com 78 anos de idade.

Nessa época, o Judô estava cada vez mais esportivizado e diminuiu seu
caráter de arte marcial e defesa pessoal. Em razão disso, os clubes, cobrando mensalidades mais baratas para prática, passaram a dominar o ensino e o treinamento do Judô; muitas academias de Judô foram cerrando as portas em todo o País. A nova administração do Casarão não conseguiu manter professores fixos para conduzir os treinamentos, havendo grande rodízio de graduados para comandá-los, o que também colaborou para a saída de muitos praticantes.

Buscando mais recursos, a nova administração passou a utilizar o espaço que antes era do escritório para realização de jogos de cartas, com direito a cigarros, bebidas Hinata, Sekine e Chico, em 1973 e muito ruído. Considerando que as paredes divisórias eram finas, de compensado, e não
alcançavam o teto, os treinamentos tornaram-se impossíveis devido à fumaça e à balbúrdia ocasionada pela jogatina. Mesmo assim os treinamentos seguiram durante algum tempo, principalmente no verão, quando muitos clubes faziam férias coletivas. Em fins de 1977, quando a academia passou a ser propriedade de um não praticante de Judô,
acabou por encerrar as atividades.

Acesse o link abaixo para ver a coleção de fotos dos Grandes Nomes da Academia Ruy Barbosa.

https://acervosvirtuais.ufpel.edu.br/museuvirtualdojudo/wp-admin/post.php?post=817&action=edit

Veja a história completa da Academia Ruy Barbosa abaixo!