Seguindo a mesma lógica da Coleção Século XX, a Coleção Século XXI também foi definida pela data de ingresso das obras no acervo do museu, neste caso a partir do ano 2001 – e principalmente através de doações.
Quanto a isso, um dado e algumas curiosidades: a Coleção Século XXI é significativamente menor que a Coleção Século XX. A primeira conta com um total de 160 obras que ingressaram no MALG entre 1986 e 2000 (14 anos), ao passo que a segunda possui 70 obras, incorporadas entre 2001 e 2020 (19 anos).
Dois fatores talvez expliquem essas diferenças: de 1986 a 2000 o MALG era um museu ainda em formação, portanto havia interesse em se constituir e ampliar seu acervo. Além disso, o museu publicava editais anuais para realização de exposições e, uma das cláusulas, era que o expositor deveria doar uma obra ao museu.
A partir de 2001 as coisas foram se transformando: o acervo cresceu, uma nova e importante coleção foi doada ao museu - Coleção L. C. Vinholes - e a chegada de profissionais especializados - uma museóloga e um conservador e restaurador - também contribuiu para o amadurecimento da instituição, que passou a ter sede própria em 2018 – o que tem implicado a adequação dos espaços, enquanto se aguarda a ampliação e adaptação das novas áreas junto ao pátio interno do museu.
As curiosidades ficam por conta do próprio conteúdo das coleções que parece contrastar com suas definições - ou o entendimento que se pode ter delas. Assim, se imaginaria que a Coleção Século XXI, por ser a mais recente cronologicamente, seria composta por obras contemporâneas. No entanto, pelos critérios adotados, as pinturas de Frederico Trebbi - um dos primeiros pintores de Pelotas e que foi professor de Gotuzzo - pertencem a esta Coleção, pois foram doadas por Maria Ignez Caputo em 2008.
Assim, com um acervo razoável, o museu e suas comissões passam a explorar seu acervo e as diversas perspectivas e narrativas possíveis. Na Coleção Século XXI é possível reconhecer algumas obras emblemáticas, como o múltiplo de Cildo Meireles “Zero dólar, zero cruzeiro” (1984), doado pelo Projeto Arte na Escola.
Como é uma coleção que ainda está em construção, poderá definir critérios em relação ao reestudo das demais coleções, bem como às missões e objetivos do próprio museu e, as novas obras que ingressarem para o acervo do MALG já serem redirecionadas para as demais coleções a partir de critérios e afinidades possíveis.