Metadados
Está ativa? (considerar as rodas e lugares ativos até a pandemia)
Não
Região
Cidade/Estado
Endereço
Rua Felício, entre Cavalcanti e Cascadura
Descrição Geral e/ou Histórico
A roda de choro dos irmãos Miro, Olavo e Rodrigues, no subúrbio do Rio de Janeiro, teve início em 1948 e adentrou os anos 2000, segundo o relato do cavaquinista Abel Luiz. O primeiro instrumento de Olavo era o bandolim, embora também tocasse cavaquinho e violão. Por ser canhoto, destacava-se por tocar “ao contrário”, ou seja: sem inverter as cordas. Apenas virava o instrumento para o outro lado. Como Abel Luiz conviveu muito com Olavo desde criança, e também é canhoto, optou por tocar da mesma forma e achava isso natural. Miro tocava cavaquinho e acordeon, era integrante do conjunto de Altamiro Carrilho, e ainda era compositor de choros e sambas. Rodrigues era violonista de 7 cordas e tocava no Regional do Evandro do Bandolim. Segundo Abel, os irmãos, que eram da cidade de Ubá, MG, quando chegaram no Rio de Janeiro, nos anos 1940, ensaiavam no quintal de casa, que inicialmente, era um barraco de madeira, pintado de azul. Daí o nome da roda. As pessoas que passavam na rua começaram a perguntar se podiam entrar pra tocar e acabavam participando da roda, que acontecia aos domingos. O avô de Abel Luiz, Luiz Gonzaga da Silva (violão 7 cordas), começou a frequentar a roda em 1954, levado por outro músico pandeirista, chamado Zé Baiano, que era letrista das músicas de Miro. Outros frequentadores assíduos foram Cidinho (violão 7 cordas), Siqueira (cavaquinho), João da Sadia (cavaquinho), o próprio Abel Luiz (cavaquinho), levado por seu avô, Walmar e seu irmão Luiz Claudio (violão 7 cordas), Índio do Cavaquinho, Primitivo do Pandeiro e Íter do Cavaquinho (do conjunto de Luperce Miranda), Pitanga, Paulão 7 Cordas, Sr. Osmar do Cavaco e Guaracy da Velha Guarda da Portela, o flautista Álvaro Carrilho, Mauricio Carrilho, o flautista Maionese, Milton (cavaquinho centro), Pernambuco (cavaquinho centro), Izaú (pandeiro e cantor), Irene e Naldir (cantores intérpretes das composições de Miro), Gabriel Salles (violão 7 cordas), Ronaldinho do Cavaquinho, entre outros. Os irmãos Miro, Olavo e Rodrigues chegaram a frequentar as rodas de choro da família Carrilho em Acari nos anos 1990.
Nos anos 2000, quando Miro ficou doente e não pôde dar continuidade às rodas na sua casa, os vizinhos da rua se organizaram, alugando uma casa de festas na rua uma vez por mês, vendendo almoço para pagar as despesas, para que a roda de choro fosse mantida. Quando a Escola Portátil ainda funcionava como Oficina de Choro aos sábados, na sede da Escola de Música da UFRJ, na Lapa, Abel chegou a levar alguns dos músicos da Roda do Barraco do Miro lá. Alguns dos alunos que nunca tinham participado de uma roda de choro no subúrbio, (Guilherme, Felipe Barros, Abdala, Mateus) foram levados por Abel na Roda do Barraco do Miro, junto com Álvaro e D. Zélia Carrilho. Vários deles passaram a frequentar a roda por conta própria depois desse dia.
Abel Luiz acredita que no ambiente do choro, só se descobre a importância e o sentido do respeito, da oralidade, da ancestralidade e da generosidade, quando se frequenta as rodas. Segundo ele: “é nelas que o choro transcende a dimensão da execução e se torna um modo de perguntar e responder (individual e coletivamente) sobre a vida e o papel que a nossa música tem. Nelas, se aprende sobre iniciar, manter e renovar solidariedades”.
Informações Complementares
Abel Luiz lembrou ainda de outras rodas de choro no subúrbio e em outros bairros do Rio de Janeiro que não estão mais em atividade. Entre elas: a Roda da Ilha do Governador; Meu Kantinho (Vila da Penha); Butiquim do Martinho (em Vila Isabel, com Mané do Cavaco); Casa do Seu Claudionor (Claudionor Cruz), na Rua Carvalho Alvim, na Tijuca; o pessoal do antigo Café Nice, que se reuniu por muitos anos no Beco do Rato e, posteriormente, em uma adega ou armazém no Cosme Velho; o pessoal da velha guarda de Jacarepaguá que, até antes da pandemia, se reunia mensalmente na Lona Cultural Jacob do Bandolim (Pechincha) e na barbearia do, recentemente falecido, Zé Barbeiro (violonista de sete cordas da roda); o bar do Chicos, no Maracanã que funcionou entre 2002 até 2013; o pessoal que fazia roda de choro aos sábados, na Praça XV (por último, no Adelos - antes do acidente que levou o local ao encerramento de suas atividades por conta de um incêndio); a roda do Seu Altair (aos sábados, no Méier); e Esquina do Peixe, bar do Índio do Cavaquinho, em Brás de Pina, na qual tocavam o flautista Álvaro Carrilho, Valter 7 Cordas, o pandeirista Valdir Mandarino e o violonista Paulinho Marques. O flautista Camunguelo e o trombonista Zé da Velha frequentemente apareciam por lá.
Email do Evento
abel_cavaco@hotmail.com
Referências
MACHADO, Abel Luiz da Silva (Sivuquinha). Depoimento à equipe de pesquisa realizado em 28 de agosto de 2021.