Metadados
Está ativa? (considerar as rodas e lugares ativos até a pandemia)
Não
Região
Cidade/Estado
Endereço
Praça Jardim Laranjeiras / Praça do Choro (Rua General Glicério) - Laranjeiras
Descrição Geral e/ou Histórico
A roda do Choro na Feira teve início em abril de 2000, a partir da iniciativa de Ignez Perdigão, cavaquinista, arranjadora, compositora e professora. Moradora de Laranjeiras e freguesa da feira livre de sábado, cujas barracas se alinham na rua Professor Ortiz Monteiro. Ignez costumava comprar os vegetais hidropônicos produzidos em Mendes pelo amigo Alexandre Paiva, cavaquinista do conjunto Galo Preto, que estacionava seu carro para vender os vegetais em frente ao local conhecido como Jardim Laranjeiras, hoje rebatizado de Praça do Choro. Um sábado do início de abril de 2000, Alexandre entregou seu cavaquinho a Ignez e pediu que tocasse para um rapazinho que lhe fazia algumas entregas, e que sempre insistia que ele lhe ensinasse o instrumento. Ignez sentou no banco mais perto e começou a tocar e a observar a reação dos transeuntes, sorrisos, olhares desconfiados. O fato fez com que lembrasse do tempo em que tocava no grupo de choro Éramos Felizes - Marco Aurélio (bandolim), Marcelo Bernardes (flauta), Ignez Perdigão (cavaco e clarinete), Juca Filho (violão), Zé Renato (violão) e Petchó (pandeiro) – que se apresentava em praças da cidade do Rio de Janeiro em projeto da Divisão de Recreação e Lazer da Diretoria de Parques e Jardins, de 1976 a 1978.
A partir dessa lembrança, Ignez se animou a convidar Tina Pereira (flauta), Domingos Teixeira (violão) e Clarice Magalhães (pandeiro) para fazerem uma roda de choro no sábado seguinte nesta mesma praça. Foi aí que tudo começou. A presença de Tina era inconstante, e alguns instrumentistas foram se aproximando a cada sábado. Até o final de 2000, o grupo fixo era formado por Franklin da Flauta (flauta), Marcelo Bernardes (clarinete e sax tenor), Domingos Teixeira (violão), Ignez Perdigão (cavaco) e Clarice Magalhães (pandeiro). A partir do convite para gravar um CD o grupo tornou-se o conjunto Choro na Feira. Em 2002 Matias Correa passou a integrar o conjunto tocando baixo acústico. O público que se formou em torno da roda era bem diverso, quanto a faixa de idade, classe social e identidade profissional e cultural. A partir de determinado momento passaram a levar dois pequenos amplificadores para violão e cavaquinho. A roda figurava na Agenda Samba e Choro, e recebia músicos de outros bairros do Rio de Janeiro, de outros estados e de outros países, para darem "canja". Segundo Ignez, nos dizeres de Elton Medeiros, frequentador da roda, “a roda do Choro na Feira era a maior sala de concertos do choro ao ar livre”.
Em 2001 o Choro na Feira recebeu do Instituto de Arquitetos do Brasil o prêmio Urbanidade, pelo exemplo de ocupação do espaço público com benefício social e cultural. Em 2006 a Câmara Municipal da Cidade do Rio de Janeiro realizou, em cerimônia inusitada na praça, a entrega da Medalha de Mérito Pedro Ernesto aos integrantes do Grupo Choro na Feira.
Nos 10 anos em que o grupo ocupou aos sábados a Praça Jardim Laranjeiras, o cenário modificou-se radicalmente. O intenso afluxo de circunstantes atraiu um intenso comércio de bebidas e barracas diversas, que terminaram por se configurar em comércio de produtos artesanais. Isso resultou em uma mudança de perfil do público e em um movimento desordenado da ocupação do lugar aos sábados, o que foi aos poucos minando os propósitos musicais do grupo. Em 2010 o grupo resolveu encerrar as atividades e o espaço foi ocupado na semana seguinte pelo grupo Pixin Bodega.
Informações Complementares
O Choro na Feira foi convidado a gravar um disco instrumental de samba para integrar uma publicação de Haroldo Costa sobre os 100 anos do gênero. A proposta era fazer um disco com um samba de cada década. Com o título Na cadência do samba, o disco foi lançado em 2001 e acompanha o livro de igual nome. A produção musical, incluindo arranjos e escolha de convidados foi feita pelo Choro na Feira
Discos do grupo:
- Na cadência do samba (2001)
- Choro na Feira (2003)
- Maxixes, pitombas e afins (2006)
- Pedra Riscada (2011)
Website e/ou contato do evento
Página no Facebook: https://www.facebook.com/Choro-na-Feira-254093981271484
Referências
PERDIGÃO, Ignez. Depoimento à equipe de pesquisa realizado em 2 de agosto de 2021.