Histórico

O acervo Carolina Cardoso de Menezes, pertencente a Maria Teresa Madeira, foi formado a partir do contato que a pianista passou a ter com Carolina Cardoso de Menezes por ocasião do evento que comemorou a doação do piano de Ernesto Nazareth ao Museu da Imagem e do Som-RJ, em 1997, onde ambas foram artistas convidadas. A partir de então estabeleceu-se uma amizade entre ambas, que mais tarde inspiraria Maria Teresa a desenvolver sua tese de Doutorado Carolina Cardoso de Menezes, a pianeira (2016).

Carolina Cardoso de Menezes (RJ, 31/05/1913 – RJ, 31/12/2000) nasceu no Rio de Janeiro em uma família musical, de pianistas e compositores. Seu pai, Oswaldo Cardoso de Menezes, era pianista popular e compositor. Sua mãe, Mercedes Gertrudes, mais conhecida como Dona Sinhá, era pianista e tocava em reuniões familiares. Seu tio por parte de mãe, Alberico de Souza, conhecido como Bequinho, também era pianista popular. Seus avós, Antônio Cardoso de Menezes e Judith Ribas, eram pianistas e se apresentaram em recital a quatro mãos para o imperador D. Pedro II. Seu tio, Antônio Frederico Cardoso de Menezes, era autor teatral, e escreveu quatro peças com música de Chiquinha Gonzaga.

Aos 16 anos, em 1929, Carolina participou da histórica gravação do samba Na Pavuna de Almirante e Homero Dornelas com o Bando de Tangarás (integrado por Noel Rosa, Almirante, Braguinha, entre outros), onde pela primeira vez seria gravada em disco uma batucada com tamborim, cuíca, surdo e pandeiro. Em 1931, aos 18 anos, grava pela primeira vez como solista, além de suas composições, as de compositores nacionais.

Atuou em várias rádios cariocas (Rádio Sociedade, Rádio Educadora, Philips, Mayrink Veiga, Tupi), e em 1944 transferiu-se para a Rádio Nacional, onde permaneceu até se aposentar em 1968.

Gravou muitos discos como pianista solista e/ou acompanhadora de cantores e de instrumentistas, em um repertório que incluía a obra de grandes compositores de choro, como Ernesto Nazareth, além de suas próprias composições. Com o multi-instrumentista Garoto (Aníbal Augusto Sardinha), gravou três discos em 78 rpm antológicos.

Foi a mulher instrumentista mais atuante no universo do choro desde Chiquinha Gonzaga. A linguagem musical de Carolina alia virtuosismo pianístico a uma grande riqueza rítmica. O seu toque extremamente balançado era inconfundível e contribuiu decisivamente para a popularização do piano como instrumento de choro e de samba.