Histórico
O flautista Gerson Ferreira Pinto iniciou sua carreira artística em meados dos anos 1950. Aos oito anos de idade já tocava choros acompanhado pelo violonista Jair Justino de Oliveira, músico da Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, com quem formaria um conjunto de choro em 1966. Com a entrada do bandolinista Rossini Ferreira no conjunto, em 1972, o grupo foi batizado pela pianista Maria Alice Saraiva com o nome Amigos do Choro. O grupo era formado por amigos que se encontravam no Bar do Abrahão, na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro. Gerson formou-se em Engenharia Química em 1965. Tem mestrado em Engenharia Química na COPPE-UFRJ e doutorado em Bioquímica, também na UFRJ, onde atuou como professor até a sua aposentadoria. Exerceu a atividade artística, sem pretensões profissionais, até o início da década de 1990.
O conjunto Amigos do Choro atuou durante toda a década de 1970, apresentando-se na TV Globo, participando de importantes festivais e concursos de choro. No 1º Concurso de Conjuntos de Choro promovido pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura do Município do Rio de Janeiro, em 1977, foram vencedores dos prêmios de melhor grupo de choro e melhor choro inédito, com Recado de Rossini Ferreira. No 1º Festival Nacional do Choro – Brasileirinho, na Rede Bandeirante, no mesmo ano, conquistaram o primeiro lugar com o choro Ansiedade, de Rossini Ferreira. Em 1978 o grupo gravou o seu primeiro LP e foi convidado pela Secretaria de Cultura do Município a fazer uma série de quatro apresentações no Planetário da Gávea, no Rio de Janeiro, recebendo como convidados o flautista Durval Berrêdo Guimarães, o citarista Avena de Castro, a pianista Josefina Mignone e o craviolista Vivaldo Medeiros.
Quando o flautista Berrêdo faleceu, Gerson recebeu, inesperadamente, a informação de sua filha de que ele havia lhe doado o seu acervo musical. Foi buscar o material que continha preciosidades, entre elas o caderno de partituras que, segundo Berrêdo, pertenceu a Alfredo da Rocha Viana, além da sua própria flauta, que ele não quis aceitar. Em entrevista à jornalista Sandra Chaves para sua matéria Berrêdo – Ainda existe (e toca) um dos chorões históricos (Jornal do Brasil, 1978) Berrêdo afirma, em relação ao caderno que pertenceu a Alfredo da Rocha Viana: – Este caderno eu não vendo por dinheiro nenhum do mundo.
O caderno de Alfredo da Rocha Viana contém cerca de 120 títulos. O acervo completo contém 823 títulos de músicas de chorões, entre eles, Zequinha de Abreu, Irineu de Almeida, Mário Álvares, Galdino Barreto, Juca Kalut, Candinho Silva, Louro, Manoel Pedro Nascimento (frequentador do Retiro da Velha Guarda, em Jacarepaguá), dentre muitos outros. O levantamento foi feito por Anna Paes, na Enciclopédia ilustrada do choro no século XIX, projeto realizado em 2005 com o apoio do Programa de Bolsas Rio-Arte.
Realizando pesquisas sobre o choro, Gerson veio a conhecer dois filhos do compositor e flautista Juca Kalut (1857 – 1922), de quem obteve preciosas informações biográficas.
