• O teu número está na lista ?

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Nesta mostra,  o Museu das Telecomunicações/UFPel dá continuidade à exploração e divulgação de seu acervo, que é múltiplo e que possibilita multifacetadas leituras sobre o uso da tecnologia nas telecomunicações, assim como da apropriação que a comunidade de Pelotas fazia da telefonia.  A exposição traz ao público o tema “Listas telefônicas da CTMR”, um objeto totalmente em desuso hoje em dia, mas que era essencial antes do surgimento da internet. Os exemplares  escolhidos para esta mostra foram produzidos no final do século XX.

A exposição virtual “O teu número está na lista?” apresenta uma seleção de  capas dessas publicações, que retratam prédios históricos da cidade de Pelotas, obras de arte, manifestações culturais e imagens do interior das listas  em conjunto com trechos de entrevistas realizadas com duas ex-funcionárias da CTMR, que eram responsáveis pela elaboração destes documentos.

Quem se lembra e usou a Lista Telefônica para encontrar números e endereços? A pergunta, título da exposição virtual, era corriqueira para quem se comunicava por telefone até o início do século XXI. Você sabia que elas tinham mapas?!! Era um verdadeiro “Google Maps” em papel! Através das grossas publicações era possível localizar números de telefones e endereços de assinantes – pessoas, comércios, indústrias e todo o tipo de necessidade do dia-a-dia. Até o início do século XXI, era necessário percorrer as folhas e as seções das listas telefônicas para obter essas informações. Hoje basta digitar algumas palavras no teclado e em alguns segundos encontramos na tela do computador a informação desejada.

Estas publicações só deixaram de ter a sua utilidade quando a internet se popularizou e ampliou o número de sites de busca, fazendo com que a procura manual se tornasse ultrapassada. 

No acervo do Museu das Telecomunicações/UFPel existem alguns exemplares, vamos ver??!!

Capa da lista Pelotas – 1979 – “A Dança do Pezinho”, pintura do artista plástico Nelson Jungbluth, gaúcho de Taquara, famoso no Brasil e no exterior pelos seus trabalhos e pela criação dos Calendários Varig; possui obras em museus e coleções particulares no Brasil, Alemanha, Argentina, Estados Unidos e Monte Carlo.
Capa da lista Pelotas – 1981 – Paulo Roberto Lima (LIMA) é o artista responsável pela ilustração da capa deste Catálogo. Nasceu no Rio de Janeiro, a 23 de fevereiro de 1949, porém radicou-se no Rio Grande do Sul desde 1958. Além de produtor artístico, é programador visual. Atuou principalmente no campo de criação de marcas-símbolos, realizando trabalhos para vários setores de atividade empresarial.
Capa da lista Pelotas e Capão do Leão – 1987 – Arlinda Magalhães Nunes licenciou-se em Desenho e Pintura pela Escola de Belas Artes de Pelotas, cidade onde nasceu. Artista plástica, participou de diversas mostras, no Brasil e no exterior, como Espanha, Itália, Peru, expondo em “Três Artistas Brasileiros” e individualmente na Casa do Brasil, em Madri, no Palácio Valentini e no Museu do Folclore, em Roma, e no salão de Arte Moderna Decorativa, Lima. Entre outros prêmios de relevância, nacionais e internacionais, recebeu medalha de prata no concurso ao Troféu Internacional “Medusa Áurea”, da Academia Internacional de Arte Moderna, Roma. Suas obras demonstram sua grande importância como artista brasileira e constam de acervos de museus e de coleções particulares, do Brasil e de outros países, entre os quais Itália, Inglaterra, Alemanha, Espanha, Argentina e Peru.

(D)  Uma vez a gente fez, as pessoas mandavam assim, a gente fez um concurso, até ganhou…não foi Arlinda, tem uma lista da Arlinda, aquela pintora, mas não foi ela, eu não lembro, foi um que é professor aqui na universidade.

Depoimento de Deolinda da Silva Nunes (D); trabalhou na CTMR de 1977 a 1999; entrevistada por Maria Letícia Mazzuchi Ferreira (L), em 2005.
Capa da lista Pelotas, Capão do Leão e Morro Redondo – 1989 – Fernando Gonçalves Duarte, natural de Pelotas – RS, é autor da obra que ilustra a capa desta Lista Telefônica. De acordo com o artista, “perder certos valores culturais pode significar perder a memória coletiva de um povo, despojando-o de sua consciência histórica e, principalmente, de sua própria consciência”. A proteção dos bens culturais gera um processo de identidade entre a cidade e sua população, que passa a se perceber como distinta de outra população”. Em Puzzle, “a figueira”, parte central da obra, homenageia a memória de J. Simões Lopes Neto, um grande regionalista gaúcho”.

(D) – […] mas foi legal, a gente inscreveu muitos trabalhos, tem um, de uma árvore do laranjal perfeita, não me lembro quem é o cara daqui que fez aquela árvore, mas é maravilhosa pintada.

Depoimento de Deolinda da Silva Nunes (D); trabalhou na CTMR de 1977 a 1999; entrevistada por Maria Letícia Mazzuchi Ferreira (L), em 2005.
Capa da lista Pelotas, Capão do Leão e Morro Redondo – 1990 – Carmem Luiza Garres, natural de Cacequi – RS, artista plástica, participante de várias coletivas e individuais, vencedora do concurso do Pórtico Comemorativo ao Bicentenário da Revolução Farroupilha – Piratini – RS, é a autora da obra que ilustra a capa desta Lista. Florescendo Pelotas é assim comentada pelo jornalista e escritor Manoel Magalhães: “Há muitos anos atrás, ao caminhar-se pelas ruas centrais da cidade, em amenas tardes primaveris, ver-se-ia lindos casarões admiravelmente pintados, floridos, de amplos janelões abertos à vida, sossegadamente construídos em ruas bem calçadas, arborizadas, denunciando um insuspeito amor à Natureza e às coisas bonitas e organizadas. Hoje, infelizmente, a realidade é bem outra. Os casarões estão ruindo e sendo demolidos e as flores não mais existem para embelezá-los. Parecem todos envelhecidos, estigmatizados; e as janelas, antes abertas como braços acolhedores, são agora pálpebras cerradas pela inevitabilidade da morte provocada pelo desleixo. A artista, ciente desta brutal realidade, recriou ponto por ponto, um desses palacetes que foram orgulho de Pelotas, oferecendo-lhe vida em notáveis e sutis combinações de cores. Querendo ou não, a artista ‘Floresceu Pelotas’ em nuances harmoniosas e mágicas”.

(D) – Mas olha, a gente recebeu cada foto que tu não tem ideia, chegou uma senhora lá, de artes plásticas, então ela fez a frente da agrícola…

Depoimento de Deolinda da Silva Nunes (D); trabalhou na CTMR de 1977 a 1999; entrevistada por Maria Letícia Mazzuchi Ferreira (L), em 2005.
Capa da lista Pelotas – 1991/1992 – O pintor Aldo Locatelli, nascido na região de Bérgamo, na Itália, é autor da obra Alegoria às Artes, pintada em 1952, sob encomenda do Clube Comercial de Pelotas, para a decoração do Hall Superior do Clube, onde se encontrava exposta na década de 1990. A foto que ilustra a capa desta LIsta, simbolizando a Arte e a Sapiência, foi feita por Paulo Luiz Lanzetta Aguiar, natural de Pelotas – RS, que desde 1973 vem realizando trabalhos técnicos e artísticos na cidade de Pelotas.

(D) – Da CTMR eu tenho algumas [listas].

(L) – Porque aqui [no museu] a gente tem poucas […]

(D) – Eu, na minha escada lá em casa, mandei fazer uns quadrinhos de capa de lista, ficou tão bonitinho.

(L) – Tinha umas capas lindas, né?

(D) – Tinha umas capas lindas, […].

Depoimento de Deolinda da Silva Nunes (D); trabalhou na CTMR de 1977 a 1999; entrevistada por Maria Letícia Mazzuchi Ferreira (L), em 2005.
Capa da lista Pelotas, Capão do Leão e Morro Redondo – 1994 – “A fotografia que ilustra a capa desta lista retrata o Prédio Sede da Companhia Telefônica Melhoramento e Resistência – CTMR, em comemoração aos 75 anos de sua fundação (1919 a 1994). A foto foi feita por Paulo Lanzetta de Aguiar, natural de Pelotas – RS, que desde 1973 vem atuando em trabalhos técnicos e artísticos nesta cidade.”

(D) – Uma vez tive que ficar até tarde, porque ele não achava, não lembro o nome dele, o fotógrafo, e ele foi tirar do prédio novo ali, ele foi tirar de noite, eu tive que acender tudo que era luz de tudo que era andar.

Depoimento de Deolinda da Silva Nunes (D); trabalhou na CTMR de 1977 a 1999; entrevistada por Maria Letícia Mazzuchi Ferreira (L), em 2005.
Capa da lista Pelotas, Capão do Leão, Morro Redondo – 1996 – João Luís Guimarães Vasques, natural de Pelotas, é pintor há vários anos, formado em Museologia, participou de várias mostras coletivas e individuais, sendo que seus principais trabalhos foram encomendados pela Rede Globo de Televisão, especialmente para as novelas Rainha da Sucata e Corpo e Alma. É autor da obra Museu do Telefone que ilustra a capa desta Lista, onde foi usada a técnica óleo sobre tela e faz parte do acervo da CTMR. A fotografia foi feita por Paulo Luiz Lanzetta Aguiar, natural de Pelotas – RS, que desde 1973 vem realizando trabalhos técnicos e artísticos nesta cidade.
Capa da lista Pelotas, Capão do Leão, Morro Redondo e Turuçu – 1997 – Centro de Integração do Mercosul da Universidade Federal de Pelotas – Prédio que foi totalmente restaurado para receber eventos ligados ao Mercosul. A fotografia foi feita por Paulo Luiz Lanzetta Aguiar, natural de Pelotas – RS, que desde 1973 vem realizando trabalhos técnicos e artísticos nesta cidade.

(Leila) – Eu era uma das funcionárias que fazia a lista telefônica, organizava todinha desde as páginas introdutórias, até o cadastro dos assinantes. Na época era a GTB e depois foi a Listel até o final. A gente ia para São Paulo, fazia cadastro, passamos muito tempo fechando a lista. A editora tinha a parte comercial, os que vendem e nós tomávamos conta da parte gratuita da lista, os assinantes e as páginas amarelas. Aquilo tudo a responsabilidade era nossa, e muita responsabilidade. A gente não tinha horário, em época de fechamento da lista eu às vezes ia para casa a meia-noite, montando mapa, […].

Depoimento de Leila Universina Jardim Jorge – Começou a trabalhar na CTMR em 1969 e desempenhou várias funções, entre elas telefonista e no setor que organizava as listas telefônicas; entrevistada por Maria Letícia Mazzuchi Ferreira (L), em 2005.

(Leila) – Nós abríamos os logradouros, em contato com a Prefeitura, a gente criava os logradouros para sair na lista telefônica. Eles nos mandavam protocolos de abertura das ruas e a gente criava os logradouros. Era um trabalhão enorme e muita responsabilidade. A gente tinha que pegar um mapa da cidade, sentava no chão e íamos para cima daquele mapa para sair tudo direito, não ter problemas de ruas. E depois tudo o que a gente fazia manualmente aqui, a gente levava para São Paulo para a editora fechar a lista telefônica. No início a gente datilografava cada ordem de serviço, mudança de endereço, mudança de nome, a gente tinha que atualizar na editora.

Depoimento de Leila Universina Jardim Jorge – Começou a trabalhar na CTMR em 1969 e desempenhou várias funções, entre elas telefonista e no setor que organizava as listas telefônicas; entrevistada por Maria Letícia Mazzuchi Ferreira (L), em 2005.

(L) – E como que vocês faziam aquela questão das ruas, para saber os endereços, como é que era isso?(D) – Marcar no mapa? No mapa a gente marcava mais onde tinha os orelhões, e os quadrados, que tinha as ruas que sai ali, mapa número tal na lista, e aí as introdutórias. Geralmente era o Ivo que fazia, saiu da história de Pelotas saiu uma … as capas [sobre as diferentes capas e seus temas].

Depoimento de Deolinda da Silva Nunes (D); trabalhou na CTMR de 1977 a 1999; entrevistada por Maria Letícia Mazzuchi Ferreira (L), em 2005.

Ficha Técnica:

Coordenadoras do projeto de ensino Organização, documentação e conservação preventiva de bens culturais – Annelise Montone e Noris Leal

Ação de extensão Sistema de documentação e divulgação do acervo do Museu das Telecomunicações.

Discentes colaboradoras: Ana Carolina Fernandes, Letícia Quintana Lopes e Mariana Brauner Lobato