Nesta mostra, o Museu das Telecomunicações/UFPel dá continuidade à exploração e divulgação de seu acervo, que é múltiplo e que possibilita multifacetadas leituras sobre o uso da tecnologia nas telecomunicações, assim como da apropriação que a comunidade de Pelotas fazia da telefonia. A exposição traz ao público o tema “Listas telefônicas da CTMR”, um objeto totalmente em desuso hoje em dia, mas que era essencial antes do surgimento da internet. Os exemplares escolhidos para esta mostra foram produzidos no final do século XX.
A exposição virtual “O teu número está na lista?” apresenta uma seleção de capas dessas publicações, que retratam prédios históricos da cidade de Pelotas, obras de arte, manifestações culturais e imagens do interior das listas em conjunto com trechos de entrevistas realizadas com duas ex-funcionárias da CTMR, que eram responsáveis pela elaboração destes documentos.
Quem se lembra e usou a Lista Telefônica para encontrar números e endereços? A pergunta, título da exposição virtual, era corriqueira para quem se comunicava por telefone até o início do século XXI. Você sabia que elas tinham mapas?!! Era um verdadeiro “Google Maps” em papel! Através das grossas publicações era possível localizar números de telefones e endereços de assinantes – pessoas, comércios, indústrias e todo o tipo de necessidade do dia-a-dia. Até o início do século XXI, era necessário percorrer as folhas e as seções das listas telefônicas para obter essas informações. Hoje basta digitar algumas palavras no teclado e em alguns segundos encontramos na tela do computador a informação desejada.
Estas publicações só deixaram de ter a sua utilidade quando a internet se popularizou e ampliou o número de sites de busca, fazendo com que a procura manual se tornasse ultrapassada.
No acervo do Museu das Telecomunicações/UFPel existem alguns exemplares, vamos ver??!!
(D) – Uma vez a gente fez, as pessoas mandavam assim, a gente fez um concurso, até ganhou…não foi Arlinda, tem uma lista da Arlinda, aquela pintora, mas não foi ela, eu não lembro, foi um que é professor aqui na universidade.
Depoimento de Deolinda da Silva Nunes (D); trabalhou na CTMR de 1977 a 1999; entrevistada por Maria Letícia Mazzuchi Ferreira (L), em 2005.
(D) – […] mas foi legal, a gente inscreveu muitos trabalhos, tem um, de uma árvore do laranjal perfeita, não me lembro quem é o cara daqui que fez aquela árvore, mas é maravilhosa pintada.
Depoimento de Deolinda da Silva Nunes (D); trabalhou na CTMR de 1977 a 1999; entrevistada por Maria Letícia Mazzuchi Ferreira (L), em 2005.
(D) – Mas olha, a gente recebeu cada foto que tu não tem ideia, chegou uma senhora lá, de artes plásticas, então ela fez a frente da agrícola…
Depoimento de Deolinda da Silva Nunes (D); trabalhou na CTMR de 1977 a 1999; entrevistada por Maria Letícia Mazzuchi Ferreira (L), em 2005.
(D) – Da CTMR eu tenho algumas [listas].
(L) – Porque aqui [no museu] a gente tem poucas […]
(D) – Eu, na minha escada lá em casa, mandei fazer uns quadrinhos de capa de lista, ficou tão bonitinho.
(L) – Tinha umas capas lindas, né?
(D) – Tinha umas capas lindas, […].
Depoimento de Deolinda da Silva Nunes (D); trabalhou na CTMR de 1977 a 1999; entrevistada por Maria Letícia Mazzuchi Ferreira (L), em 2005.
(D) – Uma vez tive que ficar até tarde, porque ele não achava, não lembro o nome dele, o fotógrafo, e ele foi tirar do prédio novo ali, ele foi tirar de noite, eu tive que acender tudo que era luz de tudo que era andar.
Depoimento de Deolinda da Silva Nunes (D); trabalhou na CTMR de 1977 a 1999; entrevistada por Maria Letícia Mazzuchi Ferreira (L), em 2005.
(Leila) – Eu era uma das funcionárias que fazia a lista telefônica, organizava todinha desde as páginas introdutórias, até o cadastro dos assinantes. Na época era a GTB e depois foi a Listel até o final. A gente ia para São Paulo, fazia cadastro, passamos muito tempo fechando a lista. A editora tinha a parte comercial, os que vendem e nós tomávamos conta da parte gratuita da lista, os assinantes e as páginas amarelas. Aquilo tudo a responsabilidade era nossa, e muita responsabilidade. A gente não tinha horário, em época de fechamento da lista eu às vezes ia para casa a meia-noite, montando mapa, […].
Depoimento de Leila Universina Jardim Jorge – Começou a trabalhar na CTMR em 1969 e desempenhou várias funções, entre elas telefonista e no setor que organizava as listas telefônicas; entrevistada por Maria Letícia Mazzuchi Ferreira (L), em 2005.
(Leila) – Nós abríamos os logradouros, em contato com a Prefeitura, a gente criava os logradouros para sair na lista telefônica. Eles nos mandavam protocolos de abertura das ruas e a gente criava os logradouros. Era um trabalhão enorme e muita responsabilidade. A gente tinha que pegar um mapa da cidade, sentava no chão e íamos para cima daquele mapa para sair tudo direito, não ter problemas de ruas. E depois tudo o que a gente fazia manualmente aqui, a gente levava para São Paulo para a editora fechar a lista telefônica. No início a gente datilografava cada ordem de serviço, mudança de endereço, mudança de nome, a gente tinha que atualizar na editora.
Depoimento de Leila Universina Jardim Jorge – Começou a trabalhar na CTMR em 1969 e desempenhou várias funções, entre elas telefonista e no setor que organizava as listas telefônicas; entrevistada por Maria Letícia Mazzuchi Ferreira (L), em 2005.
(L) – E como que vocês faziam aquela questão das ruas, para saber os endereços, como é que era isso?(D) – Marcar no mapa? No mapa a gente marcava mais onde tinha os orelhões, e os quadrados, que tinha as ruas que sai ali, mapa número tal na lista, e aí as introdutórias. Geralmente era o Ivo que fazia, saiu da história de Pelotas saiu uma … as capas [sobre as diferentes capas e seus temas].
Depoimento de Deolinda da Silva Nunes (D); trabalhou na CTMR de 1977 a 1999; entrevistada por Maria Letícia Mazzuchi Ferreira (L), em 2005.
Ficha Técnica:
Coordenadoras do projeto de ensino Organização, documentação e conservação preventiva de bens culturais – Annelise Montone e Noris Leal
Ação de extensão Sistema de documentação e divulgação do acervo do Museu das Telecomunicações.
Discentes colaboradoras: Ana Carolina Fernandes, Letícia Quintana Lopes e Mariana Brauner Lobato