Metadados
Está ativa? (considerar as rodas e lugares ativos até a pandemia)
Não
Região
Cidade/Estado
Endereço
SQS 311, Bl.
Descrição Geral e/ou Histórico
As rodas de choro na residência da flautista Odette Ernest Dias e de seu marido Geraldo Waldomiro Dias ocorreram entre os anos de 1976 a 1977 e marcaram profundamente o choro na capital federal.
Odette Ernest Dias (Marie Thèrese Odette Ernest Dias) nasceu em Paris no dia 2 de fevereiro de 1929. Aos 18 anos ingressou no Conservatório Nacional Superior de Paris, como única mulher de sua turma. Em 1951 tirou o primeiro lugar no concurso final do Conservatório.
Em 1952, muda-se para o Brasil para integrar a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), a convite do maestro Eleazar de Carvalho.
No Rio de Janeiro passa a conviver com a cultura popular brasileira. Conhece Villa-Lobos e
Pixinguinha, e convive com os maiores músicos da época. Participa de várias gravações importantes, como a do clássico disco Canção do amor demais, no qual a cantora Elizeth Cardoso interpreta composições de Vinícius de Morais e Tom Jobim.
A convite da Universidade de Brasília (UnB), se muda para a capital federal no ano de 1974. Suas atividades na UnB configuram uma relevante atuação no cenário musical de Brasília.
Na UnB conheceu o clarinetista Celso Cruz, que já participava das atividades de choro em Brasília e planejava a criação de um Clube do Choro. Celso conta que ocorreu a ele “propor ao pessoal criar o Clube do Choro de Brasília, inspirado na recente formação do Clube do Choro do Rio de Janeiro. Inicialmente passamos a nos reunir no meu apartamento, na SQS 311. Outros músicos tinham surgido em Brasília enquanto estive fora, entre eles a Odette Ernest Dias, que convidei pessoalmente para participar do Clube do Choro. Ela se entusiasmou com a ideia e propôs que as reuniões passassem para o seu apartamento, na mesma superquadra que o meu”.
As rodas de choro passaram, então, à casa da professora Odette Ernest Dias, e se tornaram uma referência central no Choro em Brasília. Tais encontros acústicos se mostraram decisivos na consolidação e difusão do choro em Brasília.
Com o passar dos meses, as reuniões aumentaram consideravelmente. E então o grupo passou a se apresentar também em outros ambientes, sob a designação de Clube do Choro de Brasília. Ainda no ano de 1976 ocorreram, como extensão dos encontros no apartamento, apresentações no Teatro Galpão, na Escola Parque e na Universidade de Brasília.
No entanto, o número de frequentadores das rodas no apartamento seguia aumentando, o que apontava para a busca de um novo espaço físico. O violonista Jaime Ernest Dias, filho de Odette e frequentador da roda, aponta que “a dimensão que tomaram essas reuniões ajudou a formatar o que é o Clube do Choro enquanto atividade musical regular em um espaço específico.”
É nesse contexto que se dá a oficialização do Clube do Choro de Brasília, em 1977, com a criação do estatuto do Clube do Choro, no apartamento da professora Odette Ernest Dias.
Diversos chorões e choronas então residentes na capital federal participaram desses encontros. Entre os mais frequentes, podemos citar, além da própria flautista Odette Ernest Dias e de seu filho Jaime Ernest Dias (violão 6 cordas), os seguintes músicos: Avena de Castro (cítara), Valério (violão 6 cordas), Edgar (violão 6), Alencar 7 Cordas, Pernambuco do Pandeiro, Eli do Cavaco, Vasconcelos (pandeiro e cavaco), Nivaldo (flauta), Celso Cruz (clarineta), Chico Doido (sax), Tio Nilo (sax) Tio João (trombone), Bide (flauta), Carlinhos Gifoni (bandolim) e Evandro Barcelos (cavaco), dentre outros.
Mas é importante destacar também a presença eventual dos seguintes músicos: Waldir Azevedo (cavaco), Dois de Ouro – Hamilton de Holanda e Fernando César (bandolim e violão 7 cordas), Coqueiro (bandolim), Reco (bandolim), Six (cavaco), Chico de Assis (cavaco), Pinheirão (violão 7 cordas) e Pinheirinho (Pandeiro), dentre outros.
Informações Complementares
Para referências completas sobre o histórico do Clube do Choro de Brasília, ver as fichas: RODAS: Celso Cruz;
RODAS E ASSOCIAÇÕES: Clube do Choro de Brasília; ACERVOS: Beth Ernest Dias; ACERVOS: Jaime Ernest Dias.
Referências
ERNEST DIAS, Beth. Depoimento para a equipe de pesquisa concedido entre os dias 4 e 18 de abril de 2021.
DIAS, Jaime Ernest. Depoimento à equipe de pesquisa concedido em 17 de agosto de 2021.
CRUZ, Celso. Depoimento à equipe de pesquisa concedido em 6 de maio de 2021.
LION, Ana. A velha guarda do Choro no Planalto Central. In: RIOS, Sebastião; LION, Ana (Org.). 2012