Descrição Geral e/ou Histórico
O bandolinista Ronaldo Souza, estabelecido em Niterói desde 1968, fez um relato sobre as rodas de choro nas casas de famílias e em clubes, que participou e presenciou a partir desta data, e sobre as rodas de que teve notícia, anteriores a 1968. As rodas não tinham caráter comercial. Eram criadas pelos donos de suas casas “de forma aleatória e aprazível”. Sobre o repertório, Ronaldo menciona obras de Ernesto Nazareth, Jacob do Bandolim, Pixinguinha, Abel Ferreira, Orlando Silveira, Jonas Silva, Juventino Maciel (este em geral apresentava suas próprias composições). Segundo Ronaldo, “às vezes tocava-se um choro ou valsa, que de certa forma seria inédita, o que muito agradava”. Relata ainda, “sobre o caráter social, as rodas de choro (ou serestas, sempre concomitantes), eram bem conhecidas pela comunidade musical e pelos apreciadores do gênero. Todos gostavam muito. Sobre contatos, essas pessoas não estão mais entre nós. Quase todos faleceram”. Em meados dos anos 1980 até início dos anos 1990 este convívio musical praticamente acabou. A difusão do choro passa a acontecer em bares e restaurantes, de forma comercial. Segue a relação das rodas:
Roda de choro na casa de Olavo Bilac. Os encontros musicais aconteciam na fazenda da Engenhoca (hoje, bairro Engenhoca-Niterói), entre o final do século XIX até 1915.
Roda de choro na casa do Sr. Oliveira. Sr. Oliveira, apelidado de Yôyô (pai da Mulata), fazia rodas de choro em sua casa, na Rua Dr. Sardinha, no bairro de Santa Rosa, em Niterói, a partir dos anos 1940 em diante. Yoyô conviveu com Ernesto Nazareth, João Pernambuco e outros, com os quais mantinha vínculo de grande amizade. Entre meados dos anos 1950 e 1960 recebeu músicos como Jacob do Bandolim, Pixinguinha, Altamiro Carrilho, o conjunto Época de Ouro, o conjunto regional de Juventino Maciel, entre outros. A frequência da roda era concorrida e para poucos.
Roda de choro na casa de Dr. Walter Orlandini. Esta roda, que Ronaldo chegou a frequentar algumas vezes, no Bairro de Neves, em São Gonçalo, aconteceu entre meados dos anos 1950 até o final dos anos 1960. Nesta roda frequentaram os músicos Jacob do Bandolim, Pixinguinha (sax), Patapinho (flauta), Délio (bandolim, viola), Carlinhos Leite (violão), Turquinho (cavaquinho e bandolim), entre outros.
Roda de choro na casa do Capitão Rubem. Esta roda, que Ronaldo chegou a frequentar algumas vezes, aconteceu na década de 1960 no Centro de Niterói.
Roda de choro na casa do Sr. Uriel. Esta roda, que Ronaldo chegou a frequentar algumas vezes, aconteceu no Bairro de Paraíso, em São Gonçalo, na década de 1960. Foi frequentada pelos músicos Sobral (violão), Uriel (violão), Carlinhos Leite (violão), entre outros.
Roda de choro na casa do Sr. Edésio Camargo. Esta roda aconteceu entre 1975 e 1985, no bairro de Fonseca, Niterói. Sr. Edésio era violonista, aluno de Dilermando Reis. Estas rodas eram frequentadas pelo conjunto Época de Ouro (Ronaldo Souza, Dino 7 Cordas, Carlinhos Leite, César Faria, Jonas Silva e Jorginho do Pandeiro) e outros convidados, dentre os quais, Armandinho (bandolim), Déo Rian (bandolim), Orlando Silveira (acordéon), Abel Ferreira (clarinete). Ademar Nunes (professor de violão) e Jorge Tiba (violonista amador) também frequentaram.
Roda de choro na casa do Sr. Paulo Portela. Esta roda, em Vital Brasil, Santa Rosa, aconteceu desde meados dos anos 1950 até início dos anos 1970.
Roda de choro na casa do Zeni. Esta roda aconteceu entre os anos 1970 até final dos anos 1980. Quem frequentava era o conjunto regional de Juventino Maciel (bandolim) e alguns poucos músicos e convidados.
Roda de choro na Casa do Araújo. Esta roda de choro acontece uma vez por mês, frequentada por um público diletante, músicos diversos e ouvintes.
Clubes onde se realizavam rodas de choro. Clube Canto do Rio (Centro de Niterói); Praia Clube de São Francisco (São Francisco); Iate Clube Jurujuba (Jurujuba); Iate Clube Rio de Janeiro (Estrada Fróes, Icaraí, Niterói), Clube do Fonseca (Fonseca, Niterói), Clube Vila Lage (Bairro Vila Lage, São Gonçalo).
