Metadados
Está ativa? (considerar as rodas e lugares ativos até a pandemia)
Não
Região
Cidade/Estado
Endereço
Rua Mem de Sá, esquina com a Rua Miguel de Frias
Descrição Geral e/ou Histórico
O Bar Orquídea foi um importante reduto do choro em Niterói nos anos 1990. Nos anos 1970, o bar tinha um anexo onde havia música ao vivo, onde se tocava bossa nova e serestas. Ronaldo Souza relembra: – o bar era famoso pelo fato de se degustar batida de limão com manjubinha. Anos mais tarde é que demos vida com choro aos domingos, na parte da frente do bar.
Segundo Silvério Pontes, a roda de choro do Bar Orquídea teve origem a partir de outra roda de choro, no bar Aconchego da Bahia, no Ingá, em Niterói. Morador de Olaria, durante quatro anos, Silvério Pontes fazia rodas de choro com Zé da Velha em locais como o Beto’s Bar. Quando mudou-se para Niterói, percebeu que os músicos de choro não tinham o hábito de fazer rodas de choro em bares, como uma atividade comercial. As rodas aconteciam nas casas das pessoas e em clubes, de forma acústica. Fez então uma proposta, no início dos anos 1990, para músicos residentes em Niterói, de fazer uma roda no Aconchego da Bahia, como a que fazia com Zé da Velha no Rio de Janeiro. A formação do conjunto era Silvério Pontes (trompete), Alexandre Romanazzi (Maionese) (flauta), Zé da Velha (trombone), Carlinhos Leite (violão), Márcio Hulk (cavaquinho), que era vizinho do bar, Jonas (cavaquinho), Ronaldo Souza (bandolim), Rogério Souza (violão), Marcinho de Juiz de Fora e Luiz Felipe (pandeiro). Quando algum integrante não podia comparecer, fazia-se um revezamento. Apesar do sucesso da roda, quando o Aconchego da Bahia foi vendido, a roda foi encerrada e transferida para o Bar Orquídea, aos domingos, onde permaneceu por mais de dez anos com essa formação. O público que frequentou essas rodas era variado. Muitos deles eram professores da UFF e havia também um público jovem. Em 1996 foi formado o grupo Orquídea, com os integrantes da roda, e em 1999 gravaram o CD Orquídea – Choro e Samba em Niterói pelo selo Niterói Discos. Neste disco, contaram com as participações de músicos como Guinga, em Valsa pra Leila (Guinga e Aldir Blanc); Trio Madeira Brasil, em Perigoso (Ernesto Nazareth); Zé da Velha, em Menina flor (Luiz Bonfá e Maria Helena); grupo Nó em Pingo D'Água, na faixa De Limoreiro a Mossoró (Jacob do Bandolim) e Marcelo Gonçalves, em Galho de urtiga, de autoria de José Azevedo. No ano 2000, a gravadora Rob Digital relançou o disco. Neste mesmo ano, fizeram três dias de shows de lançamento na sala Funarte, no Rio de Janeiro, e apresentações no Teatro Municipal de Niterói. Ainda no início do ano 2000, viajaram para Portugal, onde se apresentaram com sucesso.
Informações Complementares
O bandolinista Ronaldo Souza, estabelecido em Niterói desde 1968, fez um relato sobre as rodas de choro nas casas de famílias e em clubes, que participou e presenciou a partir desta data, e sobre as rodas de que teve notícia, anteriores a 1968. As rodas não tinham caráter comercial. Eram criadas pelos donos de suas casas “de forma aleatória e aprazível”. Sobre o repertório, Ronaldo menciona obras de Ernesto Nazareth, Jacob do Bandolim, Pixinguinha, Abel Ferreira, Orlando Silveira, Jonas Silva, Juventino Maciel (este em geral apresentava suas próprias composições). Segundo Ronaldo, “às vezes tocava-se um choro ou valsa, que de certa forma seria inédita, o que muito agradava”. Relata ainda, “sobre o caráter social, as rodas de choro (ou serestas, sempre concomitantes), eram bem conhecidas pela comunidade musical e pelos apreciadores do gênero. Todos gostavam muito. Sobre contatos, essas pessoas não estão mais entre nós. Quase todos faleceram”. Em meados dos anos 1980 até início dos anos 1990 este convívio musical praticamente acabou. A difusão do choro passa a acontecer em bares e restaurantes, de forma comercial.
Referências
Website Cultura Niterói. Roda de choro em Niterói – Orquídea. Disponível em https://culturaniteroi.com.br/blog/?id=2642&equ=niteroidiscos. Acesso em 15 de agosto de 2021.
PONTES, Silvério. Depoimento à equipe de pesquisa realizado em 3 de junho de 2021.
SOUZA, Ronaldo. Depoimento à equipe de pesquisa realizado em 15 de agosto de 2021.