Metadados
Está ativa? (considerar as rodas e lugares ativos até a pandemia)
Não
Região
Cidade/Estado
Endereço
Último endereço: Rua Marechal Deodoro, 753
Descrição Geral e/ou Histórico
O “Liberdade” (Restaurante/Bar Liberdade) foi inaugurado por “Seu Lopes”(Dilermando Lopes), em 10 de Maio de 1974 em Pelotas, e constitui-se em um importante lugar de prática de choro na cidade de Pelotas ao longo das décadas (funcionou ininterruptamente até o ano de 2014), além de tornar-se gradativamente em um espaço de referência e encontro dos músicos locais e de troca de saberes entre diferentes gerações do choro pelotense.
Realizada de forma amplificada, a roda mesclava em seu repertório choros e sambas, e contava com as “canjas” de cantores e músicos que iam assistir o evento que ocorria semanalmente. Os músicos do Liberdade formavam um grupo típico de choro com violões, cavaquinhos (solo e base) e flauta acompanhados de ritmistas de surdo, pandeiro e, às vezes, agê (também conhecido como afoxé).
O grupo que atuou de forma mais frequente no estabelecimento foi o Regional de Avendano Júnior (1939-2012), célebre cavaquinista e compositor local, que executava no ambiente do bar seu amplo repertório de composições originais, bem como clássicos do choro, e sambas em versão instrumental.
Por atravessar mais de 3 décadas de existência, é difícil precisar a totalidade de músicos que passaram pelo Liberdade, mas é possível destacar os principais integrantes que mantiveram a roda em funcionamento: Avendano Júnior (Cavaquinho), Roberval (cavaquinho e voz), Nogueira (surdo), Aloyn Soares (violão de 7 cordas), Toinha (cavaquinho), Milton Alves (violão de 7 cordas), Renato da Flauta (flauta), Paulino (surdo), Jacó (pandeiro) Sônia Porto (voz).
Além de funcionar como restaurante para os residentes da zona rural da cidade que vinham ao Centro, o Liberdade foi também celeiro de novos músicos de choro da cidade de Luiz Bachilli, Paulinho Martins , fundadores do grupo “Perdidos e Achados” e de músicos residentes em Porto Alegre, que vinham em excursão organizada pelo Prof. Luiz Machado conhecer e participar das Rodas do Liberdade, entre eles: Alan Hay, Henry Lentino, Luis Barcelos.
Posteriormente com o reconhecimento trazido pelas homenagens de seus músicos e frequentadores, além da divulgação trazida pelo documentário produzido pela Cíntia Langie e Rafael Andreazza o Bar passou a receber músicos de todo o país, que vinham à cidade para participar de apresentações na cidade e do Festival Internacional de Música SESC, como Hamilton de Holanda, Yamandu Costa, Eduardo Neves, Rogério Caetano, Odete Ernest Dias, Ronaldo do Bandolim dentre outros.
O bar fechou suas portas com o falecimento de seu proprietário, em 2014
Informações Complementares
Em 2011, foi realizado pela Moviola Filmes um documentário que retrata com muita sensibilidade o contexto cultural do Bar Liberdade.
Em depoimento à equipe de pesquisa, Possidônio Tavares menciona um histórico de acontecimentos que remontam às raízes de formação do Liberdade como um reduto do choro. Situado na Félix da Cunha, esquina com Sete de Setembro, situava-se o bar Salú, de propriedade de “Seu Walter”, onde aos sábados ao meio-dia se realizavam encontros de chorões (como Milton Alves, por exemplo) com bebida e comida. O estabelecimento foi vendido a “Seu Lopes”, e passou a funcionar, com o nome Liberdade, na rua Deodoro, em localização diferente ao seu endereço mais conhecido. Nesse ambiente, Possidônio relata a presença de músicos como “Café”, “Manteiga”, “Pintura”, “Zequinha” que ganhavam a presença de Toinha e Renato da Flauta, inicialmente.
Referências
CARVALHO, Thaís de Freitas. Um lugar chamado liberdade: Música popular, tradição e boemia em Pelotas. VII Encontro Regional Sul de História oral. UNILA. 2011.
PINHEIRO, João. O violão de sete cordas de Aloyn Soares: Um estudo de trajetória . Trabalho de Conclusão de Curso. UFPEL, 2018.
O LIBERDADE. Direção: ANDREAZZA, Rafael e LANGIE, Cintia. Moviola Filmes. Pelotas: 2011.
TAVARES, Possidônio. Depoimento à equipe de pesquisa em 16 de Julho de 2021.