Histórico

Ao contrário do que indica o nome do acervo, ele se constitui somente parcialmente pela coleção pessoal organizada pelo Padre João Miguel Mohana (1925-1995). Corresponde, na verdade, a uma fusão de duas grandes coleções: a de Mohana, evidentemente, e outra que corresponde à soma do arquivo de outras famílias, como a Rayol, que também depositaram cadernos de partituras (a exemplo dos Cadernos de Alexandre Rayol). Convém destacar que a doação da família Mohana, realizada à Secretaria de Estado da Cultura em 1987, atuou de fato como catalisadora para outras doações, e talvez por isso continuem todas relacionadas ao nome Mohana. O padre Mohana, natural de Bacabal (MA), além de colecionador, era também escritor; começou a formar tal banco de partituras ainda nos idos de 1950, quando residiu em Viana, cidade da baixada maranhense, podendo presenciar apresentações musicais de naturezas diversas, despertando-lhe o interesse para buscar referências culturais em outras localidades do estado. Esse trabalho inicial resultou na publicação de seu livro A grande música do Maranhão, que, não obstante a carência de análises musicológicas e científicas, traz elementos importantes para a historiografia da música e, mais especificamente, do choro no estado. O repertório do acervo abrange obras como sinfonias, missas, aberturas sinfônicas, peças para solista e de câmara – de gêneros – religioso, popular, operístico, camerístico – e de funções – concertos comemorativos, festividades religiosas, temporadas líricas e de concertos, cerimônias de caráter militar, divertimentos e saraus. O Acervo João Mohana, portanto, mostra-se relevante por traduzir, a partir dos seus documentos musicais históricos, certa profusão da produção regional desde meados do século XIX, incluindo aquela vinculada ao que viemos a posteriormente denominar como choro.