Metadados
Institucionalidade
Acervo Pessoal/Familiar
Instituições/Pessoas
Dolores Tomé
Região
Cidade/Estado
Descrição Geral
O acervo da pesquisadora, flautista e professora uberabense Dolores Tomé contém:
- partituras do compositor Alcebíades Moreira da Costa, o Bide da Flauta.
- Choros manuscritos por Pixinguinha
- cartas manuscritas por Dante Santoro.
- mais de 200 recortes de jornais de músicos e de festas comemorativas de Pixinguinha e outros chorões da Velha Guarda (fotos).
- duas flautas de madeira (francesas) do final do século XIX e 1 flauta transversal inteira que pertenceu a Pixinguinha e foi presenteada ao flautista Bide.
Histórico
Nascida em Uberaba/MG, a professora e flautista Dolores Tomé chegou aos 3 anos de idade em Brasília, cidade onde iria desenvolver intensa atividade relacionada ao Choro. Esse acervo foi formado a partir da atuação de Dolorés Tomé na cena do choro brasiliense, seja na área de performance, pesquisa e educação musical.
Parte importante deste acervo está relacionada ao músico Alcebíades Moreira da Costa, o Bide da Flauta (1908-1988).
Nascido em Leopoldina/MG, Bide da Flauta começou sua iniciação musical aos seis anos de idade. Bide tinha como costume cortar talos de mamoeiro para fazer gaitas e ficar tocando no quintal, junto com seus amigos de infância.
Seu pai, que era sanfoneiro famoso em Leopoldina, teve papel importante nesse processo. Segundo Bide: “na loja de um turco tinha um violão e eu pedi para meu pai comprar, eu fui a loja e disse para o turco que meu pai havia mandado eu pegar o violão. Foi assim que ganhei meu primeiro instrumento”.
Depois Bide foi morar no Rio de Janeiro e lá aprendeu a tocar a flauta de bambu, onde tirava algumas marchas carnavalescas. Foi trabalhar numa fundição e passava em frente a loja Guitarra de Prata onde ficava namorando as flautas na vitrine. Com seu primeiro pagamento comprou uma flauta de celulose.
A partir daí aprofundou seus estudos e entrou na vida profissional. Segundo Dolores Tomé, “o primeiro grupo de maior reconhecimento que Bide tocou foi o FLOR DE ABACATE, onde se destacou ao lado de 3 flautistas. Seu encontro com Pixinguinha se deu na casa do Tio Faustino, que era um baiano festeiro cujas festas duravam uma semana. Nesse encontro foi intimado por Pixinguinha a procurá-lo e ingressar no seu conjunto da Velha Guarda. Tocou no dancing Elite e no Cordão do Bola Preta. Infelizmente gravou muito pouco”.
Entrou para o serviço público em 1943 mas continuou tocando em bailes e shows em outras cidades. Casou em 1950 com India (Angelita Moreira da Costa) que chegou do Espírito Santo para trabalhar como cozinheira para uma família no Rio de Janeiro em 1942. Sempre levava a namorada nas rodas de choro na casa de Pixinguinha. Dona Beti (esposa de Pixinguinha) gostou dela e India acabou indo morar com eles. Depois de oito anos de namoro se casaram e Pixinguinha e Dona Beti foram padrinhos.
Conheceu Juscelino Kubischeck (presidente), no Rio de Janeiro, e sentiu vontade de vir para Brasília quando criaram o Serviço Militar e o Tribunal foi transferido para a Capital. Em 1969 mudou-se para Brasília, para trabalhar na instalação do Tribunal.
Em 1970 se encontrou por acaso com o músico Pernambuco do Pandeiro na rua, seu velho conhecido do Rio e surgiu a ideia de formarem um conjunto. Arregimentaram o grupo e foram tocar no Centro Comercial Gilberto Salomão, no Bar Amarelinho - que ficou muito conhecido em Brasília e dos músicos brasilienses.
Foi fundador do Clube do Choro de Brasília.
Estado da Coleção/Acessibilidade
A coleção impressa de jornais e partituras encontra-se em bom estado.
Indicação para o plano de salvaguarda
Acervo/coleção necessita de digitalização (total ou parcial) | Acervo/coleção necessita de higienização
Informações Complementares
Em função da morte de Pixinguinha em 17 de fevereiro de 1973, Bide passou um ano sem tocar.
Contato - Email
dolorestome@gmail.com
Referências
TOMÉ, Dolores. Depoimento à equipe de pesquisa realizado em 25 de abril de 2021.
Jornal Correio Braziliense, domingo 10 de julho de 1988. Editoria de Cultura IRLAN ROCHA LIMA.
LION, Ana & TOMÉ, Dolores. A velha guarda do Choro no Planalto Central. In: RIOS, Sebastião; LION, Ana (Org.), 2012.