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Yalorixá Maria Iolanda Lemos Gonçalves
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Documento
Metadados
Miniatura
Número de registro
039
Relacionados
0132
Estado
Rio Grande do Sul
Cidade
Pelotas
Nome do objeto
Yalorixá Maria Iolanda Lemos Gonçalves
Data de Criação Final
2021
Técnica
Digitalizado
Não
Nato Digital
Sim
Coleção
Descrição (iconografia)
Na foto está a Yalorixá Maria Iolanda Lemos Gonçalves.
Doador
Tamanho (MB)
96 Kb
Histórico/contexto
Nasceu na data de 2 de março de 1958, na cidade Arroio Grande, RS. Filha de Natália Giolanda Lemos Gonçalves (in memorian) e de Gomercindo Gonçalves (in memorian), a quinta filha do casal, que se totalizava em sete irmãos, sendo quatro homens e três mulheres.
Refêrencias Bibliográficas
Nasceu na data de 2 de março de 1958, na cidade Arroio Grande, RS. Filha de Natália Giolanda Lemos
Gonçalves (in memorian) e de Gomercindo Gonçalves (in memorian), a quinta filha do casal, que se totalizava em
sete irmãos, sendo quatro homens e três mulheres.
Aos seus 13 anos, se mudou para Macapá, onde viveu três anos de sua vida, juntamente com um casal de
orientais que a levou para trabalhar, após esta estadia mudou-se para Curitiba juntamente com o casal. Nesta
cidade, ao completar seus 20 anos, foi agraciada pelo nascimento de sua primeira filha, que chamou de Liliane.
No ano 1978, “Mãe Preta” retorna a sua cidade natal, carregando consigo sua filha que completava seis meses de vida, ao chegar
ela começa a prestar serviços domésticos.
No ano de 1979, nessa época com 21 anos, por intermédios de amigos em comum conheceu Ema Acosta Braga (anexo 1), figura de grande reconhecimento na cidade de Arroio Grande como uma baluarte da religião afro, cultuando especificamente a nação de raíz Jeje , conhecida como Mãe Ema D’Xangô (in memorian). No ano seguinte, após perceber a necessidade de atender aos
chamados dos orixás, a “Mãe Preta” deu início a sua trajetória religiosa, realizando seu “amaci” na data de 23 de Julho de 1980, onde ela se encontrava gestante de seu segundo filho, Robson André, que iria vir nascer três meses após.
Sendo uma filha de santo ativa na casa de Mãe Ema D’Xangô, desde a sua iniciação acompanhou todos os afazeres na casa, onde pode presenciar inúmeros ritos e ensinamentos (anexo 2). No dia 8 de outubro de 1981, “Mãe Preta” deu a luz
ao seu terceiro filho, uma menina que chamou de Priscila. Esta filha foi criada por Mãe Cleusa D’Bará, esta é irmã carnal de Mãe Ema de Xangô, e também desempenhou um papel fundante na sua trajetória religiosa realizando o papel de
madrinha. No ano de 1982, “Mãe Preta” realizou o seu apronte no dia 17 de julho, data esta marcante pois foi feito o assentamento de seu pai Ogum, e de seus demais orixás.
Desempenhando um papel fundamental no Ylê de Xangô e Oxum, nome da casa de religião no qual pertencia, “Mãe Preta” sempre se colocou à disposição para auxiliar no andamento da casa que ia até a produção de amaci de seus novos irmãos de santos, como até as comidas que seriam ofertadas ao Orixás. Entre todo este empenho ela teve mais dois filhos, Peterson nascido no ano de 1985 e Ana Karolina nascida no ano de 1988.
No ano de 1985, Mãe Preta também começa a sua trajetória na Umbanda (anexo 3), sempre contando com a ajuda para este trabalho de desenvolvimento espiritual de sua mãe de santo e seu padrinho na Umbanda, o também residente de Arroio Grande, Pai Nelson de Xangô (in memorian), que na época tinha 54 anos.
Sua trajetória como Mãe de Santo, deu-se início no ano de 1989, quando realizou o amaci em um menino que era neto de Mãe Ema, Wagner Braga na época com 10 anos, filho este que está até hoje sob os cuidados dela e de seu
orixá.
No ano de 1990, foi permitido que Mãe Preta pudesse levar para o seu local de moradia o assentamento de seu orixá Bará, prática esta comum entre o rito religiosa pois liturgicamente o orixá Bará é o responsável por trazer caminhos abertos principalmente quando se trata de trabalho, além de ser o primeiro orixá no qual tudo deve ser feito primeiro por ser mensageiro dos demais orixás. Nessa época morava com sua mãe carnal, e por motivos de muita relutância por parte da mesma em aceitar a religião de sua filha, Mãe Preta se viu obrigada a encontrar outra casa para poder construir a sua casa de religião e realizar a sua missão
juntamente com seus orixás. No ano de 1991 ela então resolveu sair de casa e alugar um local para morar juntamente com seus filhos e Orixás.
No ano de 1992, começou então a trabalhar como cozinheira na Wieth & Wieth, local onde ela desempenhou esta função por pouco mais de dois anos. Em julho do mesmo ano ao acompanhar uma obrigação religiosa na casa de Pai Toni de Ogum (in memorian), seu amigo inseparável e também personagem de grande valia na construção de sua caminhada religiosa, Mãe Preta foi surpreendida ao receber o axé de Orumilaia (anexo 4), axé este no qual é responsável pela liberação do iniciado na religião possa consultar os orixás por meio do jogo de búzios. É considerado um dos axés mais importantes dado a uma pessoa
pertencente a casa de santo.Com o retorno que o sagrado lhe concedeu pela grande benevolência que Mãe Preta tinha aos seus Orixás, construiu no ano de 1993 o “Reino Africano de Ogum, Iansã e Exú Tiriri”, no endereço onde vive até a atualidade, onde realiza Batuques em homenagem aos orixás e festa para seus guias .
Na atualidade a casa contabiliza aproximadamente cinquenta pessoas que foram iniciadas pelas mãos de Mãe Preta (anexo 5), assim como clientes e amigos que são cuidados por ela com o auxílio de seu filho mais jovem, Mayson que tem 22 anos. Este é seu companheiro e auxiliar em todas as horas.
Mãe Preta afirma o seu papel como uma mulher negra e de extrema relevância na cidade por ser uma agente cultural e isso se vê explícito
em sua forma de agir e de se vestir, já que ela trás consigo permanentemente a identidade negra. Atualmente é a mãe de santo mais antiga do município de Arroio Grande, mentora de uma casa de santo que é um espaço de afirmamento cultural negro.
Participante de movimentos culturais remetentes à cultura negra participou de desfiles temáticos, de organização de Semanas da Consciência negra, a última no qual teve envolvimento direto foi a que efetuou parceria com a Universidade Federal de Pelotas (anexo 8), a convite do Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas ministrou palestras e rodas de conversas sobre a religião de matriz africana desmistificando leituras impróprias e apresentando os símbolos e rituais da religião . Atualmente atua ainda como tesoureira da Associação religiosa Afro-Umbandista de Arroio Grande (ARAUAG ).
Em sua casa ela recebe com carinho àqueles que vão até ela pedir um auxílio, aos filhos de santo sempre tenta deixar os seus ensinamentos religiosos e morais adquiridos em sua trajetória juntamente com a sua mãe de santo e prezando pela maior base, que é o respeito, respeito este prestado aos orixás e também entre os irmãos da casa.
Portanto, percebe-se o papel fundamental de Mãe Preta como uma agente cultural em base de sua trajetória como também a força de uma mulher negra que constituiu uma família composta por seis filhos e dezesseis netos e, apesar de todos os percalços de sua vida, nunca deixou de acreditar no sagrado se demonstrando assim uma mulher destemida, guerreira e de um coração enorme.
Fonte: Acad, Mayson Gonçalves Brum; - Acad, Anderson Machado; - Prof. Rosemar Gomes Lemos
Autoria
Data de Recebimento
24/07/2020


