Histórico/contexto
Em todo território brasileiro a mão de obra negra e escravizada foi usada no acumulo de riquezas que transformaram simples homens em barões, homens que nunca trabalharam em suas vidas, mas que deixaram aos seus filhos casarões, e escravos como herança patrimonial. Há muitas divergências históricas, de que forma alguns destes senhores e senhoras donos de vidas negras, deixaram um pedaço de terra aos escravos alforriados, ou como alguns se aglomeraram em razão das fugas e edificaram seus lares em determinados locais, normalmente em serras e lugares altos. Estas terras, reconhecidas como Quilombos, local de reunião de negros, perpassa a história oficial e não oficial do Brasil, principalmente no momento em que o Artigo 68 da Constituição, estipula que “Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras, é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes títulos respectivos.” A valorização monetária dos espaços geográficos produz as diferenças e as desigualdades que se articulam e são fundamentais para a manutenção do poder hegemônico que vigora no Brasil deste seu “descobrimento”. O Artigo de lei que deveria aliviar as tensões, acaba por agrava-las, pois projetos assinados por grandes empresas do setor de construção civil invadem terras quilombolas, já que muitas delas não tem título de propriedade pelos entraves jurídicos que causam a expulsão das terras onde muitos nasceram, criaram seus filhos e a explosão demográfica os torna intrusos no novo empreendimento que exclui e torna privado o que era comunitário. Este processo de desapropriação torna os remanescentes de quilombolas mais invisíveis no mar de desigualdades raciais e sociais, tornando mais difícil a luta pelo seu único e mais valoroso bem, a terra. A resistência das Comunidades Quilombolas está em vivenciar sua cultura, na ancestralidade que vive na oralidade, na solidariedade de uma vivencia coletiva para se impor as regras de poder que ainda hoje teimam em esmagar o negro como se não fosse um ser de direitos como todo e qualquer cidadão brasileiro.