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Festa de Iemanjá na praia do Cassino_RS 2
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Documento
Metadados
Miniatura
Número de registro
0168
Estado
Rio Grande do Sul
Cidade
Rio Grande
Data de Criação Final
2022
Técnica
Digitalizado
Não
Nato Digital
Sim
Autoria de quem reproduziu a digitalização
N/A
Técnica utilizada na digitalização
N/A
Coleção
Descrição (iconografia)
Imagem de Iemanjá cercada por flores e oferendas.
Doador
Tamanho (MB)
2 Mb
Histórico/contexto
De acordo com a Mitologia afro-brasileira, Iemanjá, é a grande mãe africana do Brasil, deusa dos oceanos, deusa da foz dos rios e quebra-mares, na África é associada aos rios. Na religião de matriz europeia ela é conhecida como Nossa Senhora dos Navegantes que é a protetora dos pescadores. Por ser rainha das águas e protetora dos pescadores, Iemanjá é homenageada anualmente, no segundo dia do mês de fevereiro. Vê-se esta como a festa religiosa mais importante da cidade. Uma característica do festejo é ocorrer o encontro das duas imagens durante o percurso marítimo, no qual são mobilizados milhares de fiéis na cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Segundo Farinha et al.(2013) no Estado do Rio Grande do Sul, a celebração mais antiga de Nossa Senhora dos Navegantes é, possivelmente, a realizada em São José do Norte, cuja Matriz possui uma imagem barroca dessa invocação. A Festa em muitas cidades do país tem proveniência a partir do ofício do Pescador. Já antiga Festa de Navegantes de Pelotas foge deste contexto, sendo elaborada ,não sob o contexto do trabalho do pescador, mas pela proximidade do bairro ao Porto de Pelotas, onde ocorria intensa atividade comercial na cidade no transporte de mercadoria por via fluvial. As religiões de matriz africana podem ser subdivididas a partir dos símbolos e manifestações envolvidas. O batuque tem seu culto voltado para doze orixás e se divide em nações, com a fundação dos primeiros terreiros nas cidades de Pelotas e Rio Grande no início do século segundo o autor Marco de Mello. A linha cruzada ou quimbanda iniciada na década de 1960 se caracteriza pelo culto de entidades típicas como exus e pombagiras, já a umbanda surgiu no Rio Grande do Sul por volta de 1930, é uma mistura de rituais e crenças de africanos e europeus. Acredita que o universo seja povoado por entidades espirituais. Podemos entender isso como uma diversidade religiosa e cultural de forma que diversidade se constitui como patrimônio comum da humanidade e deve ser reconhecida “[...] Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”. (BRASIL, 1988, art. 216). Isso significa que as religiões de matriz africana devem ser tratadas e reconhecidas como um bem cultural no seu aspecto imaterial. Estes segmentos das religiões de matriz africana influenciam diretamente na vida de seus praticantes, pois cada orixá representa uma força da natureza, e cada um deles é responsável por manter uma determinada ordem e isso influencia na busca pela identidade de forma geral e social de cada indivíduo. Por Rosemar Lemos Desde criança sou devota da Orixá Iemanjá. Habitualmente, ao longo dos anos, no dia 2 de fevereiro, com minha avó materna ou meus pais ia na sua gruta, localizada no Balneário dos Prazeres (conhecido como Praia Barro Duro, Pelotas-RS) para reverenciá-la. Porém, de 2015 para cá comecei a pesquisar mais a fundo o significado e importância das festas em sua homenagem como parte do Patrimônio Imaterial Brasileiro. Fiz uma imersão em Portugal mediante estudos de pós-doutorado com financiamento da CAPES, produzindo o documentário, “O grande Legado”. Ao retornar, com o auxílio de muitos pesquisadores parceiros, dei início às movimentações para a criação do Museu Universitário Afro-Brasil-Sul - MABSul, o qual existe há 2 anos. Nesse contexto passei a fotografar todas as esculturas de Iemanjá que ia encontrando durante minhas viagens. Pelotas-RS, São Lourenço do Sul-RS, Rio Grande-RS, são alguns dos lugares registrados. Assim que descrevo uma das experiências … Na Praia do Cassino, Rio Grande-RS, as festividades em homenagem à Orixá Iemanjá tiveram início no dia 1º de fevereiro de 2022. A Prefeitura de Rio Grande RS, considerando a pandemia de covid-19 organizou a visitação à imagem cercando-a com suportes metálicos e organizando uma fila para que as pessoas pudessem acender suas velas, deitar suas oferendas, fazer seus agradecimentos e pedidos a mãe de todos os orixás. Como de costume, muitos terreiros de batuque, candomblé e umbanda realizaram suas sessões à beira do mar. Como exemplo, o Museu Afro-Brasil-Sul registrou as homenagens prestadas pelo Ilê de Iansã e Caboclo 7 flechas, o qual agradecemos a Yalorixá Mãe Tereza de de Iansã e seus filhos por liberar a divulgação. Mãe Tereza nasceu em 1948, neta de escravizados, nos seus 74 anos de idade é uma pessoa reservada mas preserva a herança recebida pela sua bisavó. Por valorizar suas origens, seu axé e sua responsabilidade quando acontecem as homenagens para Iemanjá, prefere realizar o toque de batuque na beira do mar do que no seu Terreiro.Fontes: BRASIL. Universidade Federal de Pelotas. Ministério da Educação. Museu Afro-Brasil-Sul: coleções. Coleções. 2022. Elaborado pelo Grupo De pesquisa CNPQ - Design, Escola e Arte - DEA - Desvendando patrimônios, construindo conhecimento e fazendo arte CA/UFPEL. Disponível em: . Acesso em: 27 fev. 2022. (a) BRASIL. Constituição Federal de 1988. Disponível em: . Acesso em: 27 de fev. de 2022. FARINHA, Alessandra Buriol; MICHEL Jerusa Oliveira; CARLE, Claudio Baptista.2013. A festa de navegantes na Colônia Z-3 de Pelotas: uma questão de identidade e fé. Disponível em: acesso em 19 de agosto de 2013 INSTITUTO DE PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (Brasil). Patrimônio Imaterial. 2014. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/234. Acesso em: 26 fev. 2022. MUSEU AFRO-BRASIL-SUL. Museu Afro-Brasil-Sul, c2020. Página inicial. Disponível em: . Acesso em: 27 de fev. de 2021.
Autoria
Data de Recebimento
03/05/2022