As comunidades Quilombolas configuraram como sociedades alternativas ao colonialismo, na busca e manutenção dos valores ancestrais africanos através das lutas e da resistência, buscando justiça por meio de sua força e energia vital amparada na ancestralidade e desenvolvendo sua cultura a partir do resgate das memórias revividas na voz dos seus Griôs, os guardiões da sabedoria.
A valorização da memória oral, o resgate das histórias, a lembrança dos costumes e dos marcos históricos dentro dos territórios de comunidades Quilombolas, resgatam o negro escravizado de sua condição de desumano para ser o sujeito aglutinador, onde a interação das forças reorganiza identidades e promovem recursos de luta na busca de um modelo de democracia plurirracial que o Brasil ainda não conhece.
Local isolado, formado por escravos negros fugidos. Esta talvez seja a primeira ideia que vem à mente quando se pensa em quilombo. Essa noção remete-nos a um passado remoto de nossa história, ligado exclusivamente ao período no qual houve escravidão no País. Porém, os quilombos não pertencem somente a nosso passado escravista. Tampouco se configuram como comunidades isoladas, no tempo e no espaço, sem qualquer participação em nossa estrutura social. Ao contrário, são quase 4 mil comunidades quilombolas espalhadas pelo território brasileiro mantêm-se vivas e atuantes, lutando pelo direito de propriedade de suas terras consagrado pela Constituição Federal desde 1988.
As comunidades remanescentes de quilombo ou os quilombos contemporâneos são grupos sociais cuja identidade étnica até hoje os distingue do restante da sociedade. A identidade étnica de um grupo é a base para sua forma de organização, de sua relação com os demais grupos e de sua ação política. A maneira pela qual os grupos sociais definem a própria identidade é resultado de uma confluência de fatores, escolhidos por eles mesmos: de uma ancestralidade comum, formas de organização política e social a elementos linguísticos e religiosos.
O foco do MABSul para este colecionamento está em recolher narrativas orais, vídeos e produções audiovisuais sobre os territórios quilombolas, de forma a revelar uma nova história, incluindo o povo negro como um agente ativo na construção e história oficial deste país.
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Fonte: https://cpisp.org.br/direitosquilombolas/observatorio-terras-quilombolas/quilombolas-brasil/